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terça-feira, 30 de julho de 2013

MÁRIO SOARES, A ARTE DA POLÍTICA E A "TERNURA" DOS TIPOS QUE SE JULGAM POLÍTICOS


Os anos vão passando, o que é que se pode fazer?

 Dentro de meses, o 25 de Abril fará 40 anos, a República fez há pouco 100 anos, o Dr. Mário Soares vai a caminho dos noventa.

O Dr. Soares é alguém que me remete para muitas memórias, recordações, coisas que foram acontecendo neste país. Confesso que nunca fui seu correligionário, antes pelo contrário.

Votei a seu favor uma única vez, foi na segunda volta das presidenciais contra o Freitas do Amaral, o meu candidato era o Salgado Zenha, faço questão de o dizer. Não é que tenha propriamente engolido um sapo vivo, nunca andei às ordens do Dr. Cunhal, votei pelo Soares porque assim entendi, sempre votei em quem quis votar. No caso deste meu voto pelo Dr. Soares, penso que acertei.

Na minha modesta opinião, ele tinha sido um mau, não vou dizer péssimo, primeiro-ministro, mas acabou por ser o melhor presidente da República que tivemos. Tiro-lhe o meu chapéu, é verdade que, por vezes, uso chapéu.

Retomemos o fio à meada. Nunca fui apoiante do Dr. Soares.

Tive a oportunidade de o conhecer em Paris quando ele tinha acabado de chegar de S. Tomé, depois do exílio imposto pelo Marcelo Caetano. Almoçámos com outras pessoas que não vêm ao caso, num restaurante grego, em frente ao hotel onde ele estava hospedado, na rua de L'École de Médecine, mesmo ao lado do boulevard S. Michel e dum cinema d’art et d’essai.

Nessa altura, ele andava a organizar o partido socialista, que seria fundado alguns meses depois. Eu era um jovem radical ultra-esquerda, nem maoísta, nem comunista, nem trotskista, era mais um crítico, estava convencido que tudo tinha que ser repensado. Fantasias próprias dum jovem expatriado e desiludido.

Voltemos ao Dr. Mário Soares. É alguém que foi muito maltratado por um certo populismo salazarista, saudoso do império colonial. Foram-lhe assacadas todas as culpas pela descolonização e, especialmente, pelo que se passou com a independência de Angola. Não sou historiador, apenas testemunhei os quilómetros de contentores e de tralha desembarcada no porto de Lisboa ao longo de quilómetros entre o cais da Rocha e a Torre de Belém e as bichas de retornados na rua da Junqueira junto ao IARN. Tudo isso foi acontecendo durante alguns meses.

Teve o Dr. Soares alguma coisa a ver com isso? Não, é peremptório, não teve nada a ver. Sabe-se que as negociações para a descolonização, que culminaram com os acordos do Alvor foram conduzidas pelo Major Melo Antunes. O Dr. Soares não meteu nem prego nem estopa.

Quem é que foi o culpado dos quilómetros de contentores e de tralha enviada das colónias? Os culpados saltam à vista de qualquer mente minimamente informada e não sectária: em primeiro lugar, o Doutor Salazar, o supremo mentor do sistema colonial; a seguir vem o rol dos indefectíveis do império: o Doutor Marcelo Caetano, o almirante Américo Tomás, o general Kaúlza de Arriaga e toda a tropa fandanga que jurava pela irrisória e criminosa fantasia das províncias ultramarinas, cheia de fanatismo e ignorância das realidades, a ignorância dos “ventos da história” que tanto irritavam o homem de Coimbra e Santa Comba.

Porquê toda esta retrospectiva?

O Dr. Mário Soares representa, nestes últimos quarenta anos, a geração de políticos criada na oposição ao regime do Estado Novo, criada e activa nessa oposição. O Dr. Soares teve o privilégio de ser apoiado pelo exemplo de um pai que tinha sido ministro da I República e por intelectuais e políticos, como, por exemplo, António Sérgio, que o prepararam par o seu destino. Foi preparado e cumpriu o seu destino. Incontestável, irrevogável.

Incontestável, lúcido e crítico, O Dr. Soares chegou aos seus quase noventa anos.

Incontestável como político capaz de lutar pelas suas convicções, pelas suas intuições. Político que não confunde tricas e pequenas coisas com o que entende ser estratégico e essencial. Político com instinct killer quando necessário em relação aos seus próprios compagnons de route.

Político que se enganou tantas e tantas vezes, que se aliou com os seus adversários, mas que nunca andou a arranjar pretextos e desculpas. Que assumiu as suas escolhas, mesmo se elas estavam erradas.

Político devotado à política, à luta e ao debate políticos, à luta de ideias, à nobre arte da política.

Político que rompeu com o próprio partido que fundou, quando entendeu que tinha que o fazer. Existem ainda políticos desta dimensão?

Procuro e o que é que encontro?

O Dr. Soares teve vários sucessores no PS, pessoalmente o único que me inspirou alguma simpatia política foi o Ferro Rodrigues. Foi trucidado.

Por mais “ternura” e carinho que o actual chefe do PS, António José Seguro, possa exprimir em público pelo fundador do PS, ele nunca conseguirá apagar a tristeza das suas limitações enquanto aspirante a político com uma dimensão comparável à dos verdadeiros políticos como Mário Soares.

Ele está afundado num abismo insondável e irreparável, está condenado a ser um dos representantes da mediocridade política da geração jota a que pertence, essa geração que está a milhares de anos-luz da geração dos fundadores da democracia em Portugal.

A sua “ternura” pelo Dr. Soares, expressa em publico para esconder a sua falta de coragem em responder directamente às críticas de Mário Soares ao envolvimento do PS na farsa da “salvação nacional, essa “ternura”, além de racista, paternalista e discriminatória, apenas comprova a incapacidade do actual líder do PS em atingir, mesmo que daqui a cinquenta anos, o estatuto dum verdadeiro chefe político, digno da arte da política.

Como político, António José Seguro é um zero à esquerda, não tem nada que o distinga, nada que lhe confira um destino especial. Mas, este falhanço do António José Seguro não é excepcional, em Portugal,

Ó dr. Seguro, não vale a pena chorar. Infelizmente, na história destes últimos quarenta anos portugueses, contam-se pelos dedos os políticos dignos da verdadeira e nobre arte da política. As consequências dessa persistente falta de vocações saltam à vista.

 

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O GOLPE DO CAVACO


Há muito tempo que não me lembro de estar embasbacado a olhar o Cavaco a discursar na tv. Mas, desta vez, estava com uma espécie de pressentimento e lá acabei por me sentar com toda a atenção, quase obediente, em frente ao écran.

Tivemos quase duas semanas ou mais, já não me lembro bem, de telenovela política com o Gaspar a demitir-se, a Maria Luís professora do Passos a tomar posse no dia seguinte e, uma hora antes dela tomar conta do lugar em Belém, o Portas a seguir o exemplo do Gaspar. Portas, irrevogável, assim é que é. É d’homem.

Tudo pura farsa. Tivemos direito nas horas seguintes a cenas patéticas, patéticas e palacianas e o inesperado entendimento entre os dois jovens chefes políticos que têm andado a destruir o país.

Acabaram por se entender os dois chefes, fabricaram entre eles uma redistribuição de poderes e de papéis. Na sexta-feira estavam muito contentes e, para sublinhar o seu contentamento, apareceram lado a lado. O mundo sorria-lhes, só faltava um pequeno pormenor, a rubrica do patrão, o Doutor Cavaco

E assim chegou quarta-feira, foi há duas horas, a hora do Cavaco.

Confesso, fiquei impressionado, o homem revelou-se mestre de suspense, não sei se gosta de cinema, talvez tenha arranjado um novo conselheiro.

O que proclamou é totalmente inesperado, deixou os chamados partidos do arco da governabilidade completamente à nora, sem bússola, sem norte, demoraram imenso tempo a abrir a boca e quando a abriram não disseram nada.

Em que ficamos quanto ao “compromisso de salvação nacional” que o Cavaco, impôs aos tais partidos?

Em primeiro lugar, o governo recauchutado pelo Passos e pelo Portas entra para história das anedotas políticas. È finito. O que é mais provável é que, por algum tempo ainda, não vai ser muito, continuará a existir um governo PSD/CDS com todos os seus ministros sobreviventes. Mas será apenas um governo de gestão.

Secundo, entre Julho de 2013 e Junho de 2014, várias coisas podem acontecer.

O governo de gestão decidido hoje pelo Cavaco não consegue aguentar-se, à sua base de apoio social, partidária e parlamentar acontece-lhe o efeito da pele de chagrém, diminui, diminui, desaparece, morre.

E, quando a pele de chagrém chegar ao fim, o que é que teremos? Apesar de todos os argumentos esgrimidos pelo Cavaco contra as eleições antecipadas em Setembro e a favor das ditas cujas eleições em Junho, ele vai ter rapidamente que nomear aquilo que sempre recusou e que agora, depois do seu discurso à nação, está já em rampa de lançamento, em contagem decrescente como os foguetões: um governo de iniciativa presidencial, com mandato até Junho e com o apoio dos tais partidos do tal arco.

Solução à italiana, quem é o Berlusconi a abater? Adivinhem.

 O Cavaco salva a face, retoma a iniciativa  e o poder presidenciais,  a troika não tem outro remédio, apoia o nosso homem.

Já está tudo preparado no discurso do Cavaco. Para que é que serve aquele misterioso “mediador” que ele se propõe designar para impor o tal “compromisso de salvação nacional” aos três partidos?

Esse mediador será o próximo primeiro-ministro de um governo de iniciativa presidencial, governo ao qual competirá consumar nos próximos meses todas as tropelias impostas pela troika. Tropelias, desmandos, cortes, austeridade, que actualmente nenhum partido dito governamental tem coragem de fazer sozinho ou acompanhado. Gaspar dixit.

Em Junho de 2014 logo se verão os resultados. Nessa altura, o Cavaco decidirá sobre as eleições antecipadas, com o beneplácito da troika, ça va de soi.

Os políticos e os comentadores, jornalistas e esse pessoal todo das tertúlias do grande pensamento político nacional, toda essa gente foi apanhada em cuecas pelo nosso distinto presidente. Vão levar tempo a compreender o que lhes aconteceu.

Volta Gil Vicente, estás mais do que perdoado, não fizeste mal a ninguém, a não ser aos poderosos. Meu caro, és mais do que um profeta, não nos abandones. Ajuda-nos a manter inteligência suficiente para que sejamos capazes de sorrir por entre as desgraças.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O AVIÃO QUE VINHA DE LESTE


Vamos imaginar um cenário de politic fiction.

Há um avião que se prepara para levantar voo em Moscovo. Um fiel empregado da CIA, ali em serviço, previne imediatamente os seus patrões na América: “O gajo vai levantar voo, o avião vai para a América do Sul, não consegui saber exactamente para que aeroporto.”

A máquina de técnicos imperialistas entra imediatamente em acção.

O gajo de Moscovo é o Edward Snowden, jovem ex-prestador de serviços aos ultra-sofisticados e poderosos serviços ultra-secretos americanos NSA, aquele americano que teve a coragem de atirar cá para fora informações absolutamente escabrosas sobre o monstruoso sistema americano, digo monstruoso no sentido de nazi-fascista-kgb, um sistema de espionagem cuja existência ignorávamos, mas que agora sabemos que se ocupa de dia e noite sobre tudo o que mexe à face da terra, pessoas, gente, crianças, gatos, elefantes, adolescentes, professores, gente pequena, gente assim-assim, funcionários, operários, gente mais pequena, mais velha, mais nova, mais rica, mais pobre, mais preta, mais branca, mais índia, mais amarela, mais americana, mais europeia, mais chinesa, mais japonesa, gente mais escura, gente africana, governos, agentes de governo, contínuos, mulheres-a-dias, embaixadas, chefes do estado maior, chefes de armazém, a lista é infindável, faz-me lembrar aquele poema do Drummond de Andrade sobre a lista telefónica.

Retomemos o fio à meada, o gajo levantou voo, logo, por conseguinte, a luta vital da NSA e da CIA contra o terrorismo, esse grande baluarte da identidade e dos descaramentos do império gringo-americano, essa luta vitalíssima exige respostas, contra-ataques, mísseis, tudo de imediato, armas letais, decisões no mínimo geniais.

Manda-se para o ar um caça caçar o dito avião? Não, isso não é possível, os americanos ainda não mandam em Moscovo, se ainda fosse o Napoleão e ele tivesse aviões, era canja, eram favas contadas.

Não se pode caçar o avião, mas pode-se mandar pará-lo. Parar um avião, aí está uma óptima, uma fulgurante ideia. Já houve exemplos disso. Lembro-me, duma maneira já um pouco vaga, do que aconteceu aqui há alguns anos, os pormenores já lá vão, mas tenho a ideia de que era um avião civil coreano cheio de gente, que foi abatido por um caça militar, russo, acho que era russo, o tal avião tinha entrado nos limites do espaço aéreo que já não era dele.

Caçar um avião no ar, tarefa muito complicada, mesmo para a NSA/CIA. Que fazer, então? O avião vai em direcção à América do Sul, a CIA, a NSA e todos esses extraordinários especialistas põem os computadores a trabalhar, traçam a rota previsível do avião, ele tem que ser travado dentro daquilo que será a sua rota normal. Vai ter que passar por Itália, por França, pela Espanha e por Portugal. E, a seguir, entra no Atlântico, aí já não há nada a fazer, ou seja, o avião tem que ser impedido pelos respectivos governos desses países de sobrevoar esses quatro países latino-mediterrânicos, dá-se-lhes a ordem, eles obedecem sem qualquer hesitação. Gente obediente. Mas, para já desvia-se o avião para outro país, que também seja seguro e amigo. Abreviemos este cenário político de série B, o avião aterra em Viena de Áustria, cidade muito segura, gente de confiança, não me vou alargar sobre porquê.

Aterra o avião, já tinham no aeroporto um exército de funcionários da segurança preparados, ocupam-se do seu estacionamento numa zona reservada, mandam abrir as portas, sobem a escada, entram. “Onde é que está esse gajo, o Snowden?...”. Nesta altura, sendo eu o autor do cenário, devia ser capaz de arranjar uma resposta em russo, estilo niet, mas infelizmente não conheço a língua. Imaginemos, então, a sequência sem diálogos. Ninguém respondeu à pergunta sobre o Snowden, é que no avião ninguém falava espanhol, nem alemão, nem inglês, só falavam russo. Não eram muitos, eram poucos passageiros. Estavam todos literalmente siderados, espantados com o que estava a acontecer.

Passado o efeito do siderante espanto, saiu de lá um gajo com ar atlético. Os polícias austríacos não o reconheceram, mas eu, que não estava lá, posso confirmar que ele era sem sombra de dúvida o Vladimir Putin. Os agentes austríacos assustaram-se com aquele gajo aos berros e, como se assustaram, desataram à porrada no Putin. Assustaram-se consigo próprios, não eram muito inteligentes, o que é que pensa, como é que reage um polícia austríaco quando lhe aparece um estrangeiro aos berros?

Naquele momento, eles não imaginaram nada do que viria a seguir, mas a sua brutal ignorância de polícias austríacos, que lidam em geral zangados e desabridos com estrangeiros, criou uma situação muito complicada. Continuemos a imaginar. Na melhor das hipóteses, talvez o mundo, naquela cena de avião estrangeiro sequestrado, tenha estado perto de chegar à beira duma guerra nuclear.

Podia ser um cenário de filme e, em geral, no fim dos filmes, no genérico costuma vir uma advertência final: “esta é uma obra de ficção, qualquer parecença com pessoas…. é puramente acidental”.

Mas, neste cenário apenas um personagem é de ficção, é o Vladimir Putin. Mas, embora de ficção, o presidente russo teve uma participação real na história e não propriamente como actor secundário. Está confirmado, vi na televisão. O Putin recebeu nesse dia, que é hoje, quarta-feira, 3 de Julho de 2013, o verdadeiro protagonista do filme, que é um tipo chamado Evo Morales que, por curiosa coincidência também é presidente, não da Rússia, mas da Bolívia.

Não era, pois, o presidente da Rússia que ia no avião de Moscovo, era o presidente da Bolívia que viajava no seu avião presidencial para a sua terra, a Bolívia. Foi forçado a aterrar em Viena de Áustria, foi tratado como um desgraçado espião e provável terrorista pela polícia austríaca que forçou a entrada no avião. Evo Morales e os seus acompanhantes foram forçados a ficar durante treze horas imobilizados no paddock do aeroporto de Viena. Entretanto, os srs. François Hollande, de França, Mariano Rajoy de Espanha, Enrico Etta de Itália e Passos Coelho de Portugal impediram-no de prosseguir viagem.

Como é que as coisas se teriam passado se, em vez do Evo Morales, presidente dum país latino-americano, estivesse de facto no avião o atlético e todo poderoso Vladimir Putin?

Os grandes países europeus, estilo Portugal, que são grandes países da grande finança, ricos e poderosos, sabem como tratar os pequenos e longínquos países, ainda por cima governados por um índio. São países da grande tradição racista, colonialista e fascista europeia. Detestam, odeiam e desprezam os pequenos países e os “indígenas” e, ao mesmo tempo, curvam-se perante a majestade dos grandes países que são quem agora governa de facto, países que manipulam, que espiam, que controlam tudo, que exploram, que matam. Esses países da união europeia, com toda a sua jactância, não passam de lacaios do imperialismo americano e não têm pinta de vergonha, não é ò Hollande, ò Rajoy, ò Etta, ò Coelho? Mas estão a ficar caquécticos, desconhecem pormenores supremamente importantes, como é, neste específico caso, o facto de a Bolívia possuir as maiores reservas mundiais de lítio. Sabem para que é que serve esta coisa? Sabem certamente, mas nunca é demais lembrar: sem lítio não há baterias para os automóveis eléctricos.

Ò Hollande, já agora, tu que és uma das principais sumidades da coisa chamada união europeia, embora até hoje, não tenhas feito nada que se visse, diz-me lá, explica-me: como é que tu, todo armado em patriota gaulista, andas a pedir, quase diria exigir, explicações aos EUA sobre o que é que eles andam a fazer a espiar as embaixadas e a administração e os políticos franceses, e, ao mesmo tempo, te pões todo de cócoras para ajudar os gringos a apanharem o desgraçado que anda fugido por esse mundo só porque teve a coragem de nos informar sobre as patifarias e os crimes que os serviços secretos americanos andam a fazer? Queres proteger as tuas embaixadas? Começa pela embaixada em La Paz, Bolívia. E, já agora aconselha os franceses a não se deslocarem pela América do Sul. Mesmo conselho, se é que vale a pena, para ti, ò Coelho. A questão é que, além de estares de malas aviadas, estas coisas são demais para a tua cabeça, demasiada areia.