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quinta-feira, 16 de maio de 2013

JORNALISTAS E JOGOS POLÍTICOS


 

O jornal Público deu na sua edição de hoje, 16 de Maio, grande destaque a uma informação, segundo a qual, Berlim se demarca “da austeridade e acusa Barroso de incompetência”. Destaque de primeira página, notícia cheirando a sensacional, muitos leitores como eu sentiram um sobressalto, talvez isto afinal vá mudar..

Mas, rapidamente pude constatar que não havia qualquer notícia, apenas manipulação sem vergonha.

Vergonha, em primeiro lugar, para o jornal. E depois queixam-se da perda de leitores…

O tal destaque de primeira página do Público remetia para uma prosa na página de Economia, assinada pela correspondente do jornal, representante ou seja lá o que for, em Bruxelas, uma senhora de nome Isabel Arriaga e Cunha.

Mas o artigo é escrito a partir de Berlim. Berlim, Bruxelas, qual a diferença?

A prosa tem um valor inestimável.

É paradigmática da “nova” europa e do “novo” país que temos.

Paradigmática, porque testemunha, ilustra, exemplifica, demonstra, comprova o estado de volatilidade, de virtualidade, de manipulação, de propaganda, de conspiração, de mentira e corrupção a que chegou o debate e a informação política quer no vasto continente burocrático, de nome união europeia, quer no país em que temos a desdita de viver.

“O termo ‘austeridade’ tem em alemão uma conotação particularmente negativa de sofrimento extremo, o que os responsáveis de Berlim garantem que está longe de ser o que defendem”, diz a autora do texto.

Esses ditos “responsáveis de Berlim” vão explanando ao longo do artigo argumentos contra a austeridade, que, segundo a autora, são defendidos pela Alemanha. Qual Alemanha?

 Argumentos que servem para chegar a uma conclusão: a “irritação de Berlim” dirige-se “sobretudo contra a Comissão Europeia”, que é incompetente, “ineficaz ou rígida”.

“Os alemães defendem, aliás, que os países sob programa de ajuda externa deveriam beneficiar de um regime especial de derrogação temporária às regras de concorrência…”. Já chega de citações.

Estarei a sonhar, estarei a ficar maluco, estamos em Maio ou será o primeiro de Abril?

Quem é que são estes “responsáveis de Berlim”, quem são estes alemães, que malta é esta? Golpe de estado em Berlim? Acabaram com a Merkel e com o Schäubel?

Quem é que encomendou o artigo?

Não é referida nenhuma fonte, nenhum nome de responsável alemão é citado. Deontologia, senhora jornalista, deontologia?

Encomendaram-lhe o artigo, aceitou, trata-se de quê?

Conspiração, manobra de intoxicação, exercício de psicanálise, de divã para curar os complexos de culpa do invasor alemão? Manobra do sr. Barroso para aparecer como vítima dos alemães e preparar-se para as eleições de Belém?

São muito obscuros estes jogos, jogos entre políticos e alguns cúmplices “mediáticos, jornais, jornalistas.  

Sinais dos tristes tempos que vivemos, tempos de mentira e manipulação, tempos agonizantes da democracia e da liberdade de expressão.

No tempo do Salazar, havia a censura, mas os jornalistas eram gente séria. Lia-se nas linhas e nas entrelinhas e quem lia sabia.