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domingo, 17 de março de 2013

O MODELO CIPRIOTA

 
Feira das vaidades.

Falam, gesticulam, apresentam números, mas ninguém responde à questão das questões: o que é isso do pós-troika, vamos ter emprego, acabar com a recessão, quando, ou vamos todos para a falência?

O ministro das finanças diz que não sabe. De recuo em recuo, de previsão em previsão de quinze em quinze dias, de orçamento em orçamento, o homem está cada vez mais parecido com uma esfinge de si próprio, aparenta estar vivo, vai falando no habitual tom soturno e incompreensível. Mas, de facto, se olharmos com mais atenção, percebemos que o homem está morto.

Não tem plano B. Não tem plano B quanto à rapina dos quatro mil milhões de euros, não tem plano B quanto à resposta do governo à iminente decisão do Tribunal Constitucional, não tem qualquer plano quanto às exigências troikistas. Não sabe nada quanto ao aumento do desemprego, nem quanto à recessão. Se lhe derem tempo e, se ainda for ministro dentro de quinze dias, talvez consiga inventar novas previsões.

Feira das vaidades, o ainda primeiro-ministro insiste que está tudo a correr como previsto. O presidente da república vem-se gabar com o seu sorriso dos grandes dias, que há muito tempo tinha dito que a união europeia não estava a agir como seria necessário. Sente-se que ele se sente o maior.

É o maior mas não faz nada, ocupa um cargo para o qual nem daqui a mil anos de experiência governativa estaria preparado para ocupar. Mesmo que, para justificar toda essa terrível incongruência que poderá contribuir para destruir um país, ele possa apresentar como desculpa o facto de não ser  pago por o cargo que não exerce, mas que ocupa. No topo, no cume dos tops dos políticos profissionais dispensáveis lá está ele em todo o esplendor da sua inutilidade.

Será que o homem se dá conta que o país está verdadeiramente à beira da bancarrota, além de já não saber o que fazer a todo o desespero que se acumulou durante os últimos dois anos?

Quanto ao chefe do PS, partido supostamente de alternativa ao governo, “jovem” líder que, com a sua pequena corte de patéticos indefectíveis, se tem dedicado a proclamar solenemente todos os dias que é preciso mudar de política e que o primeiro-ministro tem que pedir desculpa ao povo português, bla bla, o que é que a gente pode esperar dum político destes tipicamente da era do plástico?  Alguém percebe o que é o homem quer?

Aquele outro tipo, que é primeiro-ministro, na realidade já uma vez pediu desculpa, quais é que foram as consequências desse acto de contrição? O Seguro Jota faz as suas proclamações, chama para o seu lado um famoso personagem da mota-engil, um outro coelho de sinistra memória. Tudo para apoiar as suas proclamações de teatro de revista. Anda seguramente a gozar com o pagode.

Se quer mudar de política, o que é que ele se propõe fazer para o devido efeito? Ou continua a chatear-nos com as suas lengalengas ou mostra que é um político com eles no sítio, não há muitas elucubrações a fazer sobre o assunto.

Ó meu, lembro-me quando andavas lá pelo ISCTE com o teu ar satisfeito de patrão da JS, mas estudar não era contigo. Achas que convences alguém? Se és um político sério, sê consequente, vai a Belém e diz ao presidente que as coisas já foram longe demais, que o Passos tem que ir embora e que, consequentemente, tu apresentas uma moção de censura. Moção de censura é coisa de democracia, é coisa para os momentos sérios, alguma vez pensaste nisso?

De que é que estás à espera? Estás à espera que o Coelho siga o exemplo do presidente de Chipre? Esse tipo, teu amigo de longa data e o seu outro amigo mais recente, mas amigo do peito, o  Vítor, não têm qualquer espécie de plano B, C ou D, já não controlam nada, o que é que se te afigura como mais provável que poderá vir a acontecer?

Essa gente do governo psd-cds já cortou tudo o que havia para cortar, já nos massacrou com tudo o que tinham à mão, o que é que ainda falta? Obrigar-nos a pagar para trabalhar de borla?

Essa malta tem agora, caído do céu, o exemplo cipriota. A tentação vai ser demasiado forte, vão às poupanças do pessoal que acredita nos bancos, cobram 10% aos depósitos bancários, arranjam os tais quatro mil milhões, resolvem o problema deles. Olimpicamente, destroem o sistema bancário que o povo português tem andado a pagar. Ficamos, então, mesmo falidos e sem bancos e, pior do que tudo, sem qualquer espécie de auto-suficiência para nos podermos governar, comer, beber, tratar da saúde, andar de combóio, mandar os filhos para a escola, a lista tem muitas páginas.

E, a partir, daí, quantos mais anos de austeridade troikista vão ser necessários para reconstituir alguma coisa que seja credível e que sustente a economia e os desgraçados atirados para a valeta, as gerações jovens que tiveram a desdita de terem nascido numa época dominada por governantes criminosos?

Ò meu, ò Seguro, queres que seja sincero contigo? És muito verde, estás tão deslumbrado com o lugar que ocupas como o teu sócio Passos Coelho, não tens envergadura para afrontares uma situação como aquela que este desgraçado país atravessa. E isso rima com o quê?

Rima com uma história cujo enredo me parece óbvio. Sintetizemos em poucas palavras.

Primeira parte: à falta de plano B, o governo Vítor-Pedro aplica as taxas cipriotas aos depósitos bancários, guerra social inevitável, corrida aos bancos, pânico, bancarrota dos ditos e arrogantes bancos que temos andado a pagar.

Segunda parte: a tropa intervém, Junta de Salvação Nacional, by-by união europeia, by-by euro, viva Portugal, by-by democracia, by-by geração jota. No passarán?

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