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quinta-feira, 12 de abril de 2012

PACTO GERMÂNICO VERGONHA SOCIALISTA

A Alemanha impôs o seu diktat e a frau Merkel ofereceu aos seus súbditos europeus um novo tratado, que baptizou de pacto orçamental.


E, assim, de pacto em pacto, de tratado em tratado, a união europeia, sob a batuta germânica, lá se vai encaminhando para o abismo. Tratado de Maastrich, tratado de Nice, tratado de Lisboa, pacto orçamental. Para que tem servido tudo isso?


Sobre o pacto dito orçamental a opinião geral de gente com opinião que não dependa de tachos, gente independente, é que o tratado, além de ser impraticável, não serve para nada. Servir, serve mas apenas para impor a hegemonia alemã sobre a união europeia. Deutschland über alles, a Alemanha pode, quer e manda, eis o que está escrito em letras gordas no frontispício do tratado.


Até agora, só dois países recusaram esta mascarada, o Reino Unido e a Tchéquia.


O Parlamento português vai-se pronunciar amanhã, mas o resultado do voto já é conhecido. Votam a favor os partidos do governo, com a preciosa ajuda do partido socialista.


Nesta ocasião, só não vota o povo português, mas sobre isso já estamos habituados. Estamos na união europeia, estamos no euro, estamos na miséria. Alguém nos pediu a opinião?


O partido socialista tem uma peculiar particularidade, sempre foi um partido previsível, sempre se soube antecipadamente para que lado ele vai cair.


No tempo do Soares caiu para o socialismo na gaveta e para a lei da segurança do Estado, caiu para o lado dos latifundistas absentistas do Alentejo quando aprovou a lei Barreto que acabou com a reforma agrária. As inclinações deste partido são sempre previsíveis. Grita que é de esquerda e vota sempre a favor dos interesses dos poderosos. Estranha esquerda!


Recapitulando, o PS anunciou que vai votar a favor do tal pacto orçamental que fixa para os países da união dita europeia, como limite máximo obrigatório do défice, um aumento de +0,5% por ano.


Sobre as razões favoráveis a tal voto, os distintos dirigentes do PS nem argumentam, nem contra-argumentam, para eles é tudo pacífico.


Não argumentam que 0,5% é um limite impossível de atingir, não argumentam que uma tal regra, que os alemães baptizaram de “regra de ouro”, destrói o principal instrumento da soberania nacional, que é o orçamento aprovado pelo parlamento nacional.


Não argumentam que os principais países promotores do controle orçamental e do défice, ou seja, a Alemanha e a França, foram os primeiros a romper, em 2003, o limite então fixado de 3%. Ainda há pouco tempo, o primeiro-ministro italiano, Mário Monti, veio avivar-nos a memória sobre essa proeza do casal franco-alemão, casal que tem sido o farol do euro e da união europeia.


Não contra-argumentam os socialistas portugueses que alguns partidos europeus também ditos socialistas são contrários ao pacto. Fazem também de conta que não sabem que, no próximo dia 6 de Maio, é muito possível que François Hollande seja eleito presidente da República francesa e que, uma vez eleito, o Hollande que é socialista irá exigir uma renegociação da tal de “regra de ouro”.


Qual é a estratégia do “nosso”, salvo seja, partido socialista?


Aprova o pacto e, para aliviar a má consciência (não sei se maçónica, se católica), anuncia que vai promover uma reunião com outros partidos europeus socialistas e “progressistas” (há quanto tempo não ouvia esta palavra!) aos quais pretende propor que exijam a inclusão, no pacto germânico, de um pacto adicional que obrigue a chamada união europeia a não se esquecer do crescimento económico e do combate ao desemprego. Notável encenação, notável vigarice!


A Europa do Sul tem o caminho traçado há vários anos, começou com a Grécia, chegou a Portugal, em breve será a Espanha, a seguir a Itália. E, quanto à França, tudo vai depender dos resultados das eleições de 6 de Maio.


Os resultados das eleições gregas, que acontecerão na mesma data das eleições francesas, constituirão muito provavelmente um tsunami político, com uma grande vassourada nos dinossauros políticos gregos que, entre incompetência, compadrios, corrupção e protecção de privilégios e de altos interesses, conduziram a Grécia à bancarrota.


Os partidos do bloco central, o Pasok socialista e a Nova Democracia da direita, poderão passar à história e, muito provavelmente, as eleições serão ganhas por partidos anti-euro e anti-UE.


O PS português vive fascinado, obcecado, manietado pelo fantasma Sócrates, é um partido completamente desligado da realidade. Não sabe o que se passa no país, não percebe nada e odeia quem queira perceber o que se passa nos países da chamada união europeia.


É um partido sem direcção, sem objectivos, não tem a mínima noção de qual é o seu lugar no sistema político criado pela troika e dominado pelos aprendizes a ditadorzecos que agora estão no poder.


Não tem a mínima noção de como inverter a relação de forças em que actualmente ele, PS, não passa dum zero à esquerda.


Tudo isto é triste, tudo isto existe, tudo isto é fado.


O PS precisa que alguém ensine coisas essenciais aos gauleiters que entronizou no largo do Rato.


Alguém que lhes explique a noção de relação de forças, alguém que lhes explique que um partido que está na oposição e quer ganhar credibilidade para voltar ao poder não pode aceitar participar numa votação sobre um assunto que deveria ser posto à votação do povo.


Que lhes explique que o partido não pode anunciar antecipadamente que vai votar a favor e que, ao mesmo tempo, invente como desculpa envergonhada uma coisa que ele, partido socialista, sabe muito bem que ninguém, nem em Portugal nem na Europa, vai querer, que ninguém vai defender ou aprovar.


Pela simples razão de que se trata duma farsa inventada por gente sem carácter nem coragem para pegar o touro de caras, sem coragem para lutar por causas justas.


Infelizmente para o país, este partido fundado na Alemanha nos tempos da velha social-democracia com carácter, este Partido Socialista nunca terá emenda.


Esperemos que o anunciado tsunami político grego chegue a Portugal. Afinal, talvez a Grécia acabe por se tornar no bom exemplo a seguir.






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