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sábado, 9 de julho de 2011

MARIA JOSÉ



Falou-se, escreveu-se muito sobre Maria José Nogueira Pinto.


Não vou acrescentar nada ao que já foi acrescentado.


Raramente estive de acordo com as suas opiniões, estou-me a referir ao fundo, à filosofia, à ideologia, ao seu sistema de pensamento, às causas políticas que defendia. Quem sou eu para estar a fazer comparações.


Há duas, três semanas, vi-a na SIC Notícias e percebi, fiquei chocado. A alma, o espírito, mesmo aquela extraordinária ironia, a ironia demolidora que sorria enquanto articulava o seu discurso, ainda vi alguns sinais da mulher que me tinha habituado a admirar. Mas percebi que provavelmente não voltaria a tê-la ali no ecrã da minha casa.


Neste país de faz de conta, de arrivistas, de políticos de plástico, de gente pouco ou nada séria, Maria José Nogueira Pinto era um caso completamente à parte, não tinha a ver com esse universo.

Não era a vontade de poder que a movia, o que a movia era muito mais intemporal e digno de admiração, era o poder da inteligência e o sentimento de solidariedade com outros humanos.


Tinha uma forte consciência nacional sem o ridículo e perigoso nacionalismo patrioteiro de outros tempos. Há muito tempo, que isso está fora de moda, à direita e à esquerda, estamos atrelados à carroça da CEE, vivemos num país sem alma.


Maria José Nogueira Pinto manteve-se firme, coerente, lúcida e convicta até ao fim da sua vida prematuramente interrompida.


Criou-se um enorme vazio. É uma história muito triste, porém, a marca que esta mulher nos deixa é extraordinária. Ela fica na minha memória e agradeço-lhe por tudo o que fez por mim e pelo meu país.


Vou ter saudades da Maria José e do país que estava na sua cabeça. Ambos me vão fazer muita falta.



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