PEDALAR É PRECISO!

quinta-feira, 24 de março de 2011

COMPROMISSO HISTÓRICO

Voltámos aos telejornais e às primeiras páginas desse mundo enorme que nos rodeia.

Portugal, o país mais pobre da Europa foi esse o tom das notícias, dos comentários, das entrevistas. Mais pobres ainda do que a Grécia e a Irlanda, humilhação.
O sr. Sócrates deve estar orgulhoso, chegou ao zénite da sua carreira, teve em Bruxelas uma merecida recepção emocionada dos seus ex-pares. Bon voyage!

A campanha eleitoral promete, o PSD já faz promessas não mexe nas pensões de reforma, mas aumenta o IVA. O PS retorque, nós é que tínhamos razão. Perante a ameaça iminente de desemprego dos seus belos tachos, os boys já se activam na oposição.

Uma camarilha igual a si própria, nada parece mudar, essa gente não tem emenda. Algumas coisas, alguém, nós próprios nos podem valer? Ou, será que quem tem razão é o Pulido Valente e o seu pessimismo constipated?

Estamos a chegar a Abril, coincidência, haverá outro Abril?

A situação actual é parecida, mas não é igual à situação de há 37 anos. As coisas têm vindo a acontecer desde há muito tempo, pouca gente minimamente honesta e informada tem ligado aos óbvios sinais. Sinais de problemas graves, de decadência do país que têm passado quase em silêncio.


Na Argentina, houve um tipo chamado Carlos Menem, foi presidente da República, a dita república faliu. A república argentina estava alinhada pelo dólar mas isso não a impediu de falir, antes pelo contrário. Quem sofreu as consequências? Os mesmos do costume, claro, o capitalismo flutua sempre.


Há dois anos, muitos alarves que têm mandado neste país, inebriados na sua euforia pan-europeia, afirmavam arrogantes que Portugal não podia falir, é que Portugal estava no euro. O dólar não valeu de nada aos argentinos, antes pelo contrário, de que é que nos vai valer o euro? Para comprar uma coroa de flores?


Estamos apanhados no meio de uma guerra global, a guerra dos câmbios, e não somos apenas o terceiro elo mais fraco do euro. A situação actual em que estamos entalados é muito mais complicada do que isso, é que temos a enormíssima responsabilidade de defender o quarto elo mais fraco do euro que, segundo a comunicação social internacional é, imaginem, a Espanha, antiga potência imperial na Europa e além-mar. Mas isso já é sabido há muito tempo. Para que tem servido, então, ter um governo e um presidente da República?


Em 1983, batemos à porta do FMI, foi na época em que o Dr. Soares ainda não tinha aprendido a distinguir entre quatrocentos mil e quatro milhões de dólares. Na sua cabeça, a diferença era pequena.


Hoje, o sr. Juncker, ou lá com é que ele se chama, admitiu com conspícuo sorriso, que Portugal ia precisar de uma ajuda de 70 mil milhões de euros. O homem manda nas finanças da EU, preside ao eurogrupo. Deve saber do que está a falar. Ou talvez não, é que estes tipos das finanças fazem-me sempre pensar naqueles serviços de polícia que vão acumulando imensas informações sobre estes e aqueles que julgam mais ou menos perigosos e que, quando as coisas começam a aquecer, não conseguem perceber nada do que está a acontecer.


O Sócrates vai-se embora, bon voyage, o PS vai fazer a sua merecida cura de oposição. Já chega, descansem, não chateiem mais, era bom que também levassem convosco o Cavaco.

Baralhemos, então, para dar de novo as cartas. Cartas novas, entenda-se, sem trafulhices.


Pensemos num programa mínimo, quero dizer máximo, neste momento do que precisamos é saber como agir para restituir dignidade a este país.


Entre os partidos políticos que temos, de direita ou de esquerda, existe gente competente, gente séria. Terão poder para mudar alguma coisa, poderão trabalhar em conjunto, apesar das suas respeitáveis diferenças?


Em Abril de 74, tivemos uma revolução contra um regime anacrónico.


Trinta e sete anos depois, o desafio é mais difícil, porque tem que se lutar, num contexto internacional totalmente adverso, por um país com futuro e com dignidade, um país livre, soberano e solidário.


Comecemos por concordar num compromisso histórico entre cidadãos quaisquer que sejam as suas opiniões ou preferências. Um compromisso solidário para preservar um espaço onde se possa viver em liberdade sem senhores vindos de outras partes. Liberdade, igualdade, fraternidade, é isso, voltamos sempre ao mesmo.



1 comentário:

Anónimo disse...

Fraternidade? só depois de umas guilhotinadas ...

josé antónio