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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PORTUGAL E A EUROPA

Já não falta assim tanto tempo, talvez se devesse começar a perguntar: será que Portugal conseguirá chegar intacto ao seu primeiro milénio?

Sabe-se que somos o país mais antigo da Europa, mas terá alguma vez Portugal sido europeu?

Portugal é um país que nunca se interessou nem muito nem pouco pela Europa. E os europeus sempre nos pagaram na mesma moeda.

Somos demasiado pequenos e periféricos, nunca pesámos nas lutas de poder do velho continente. Vantagem óbvia: felizmente nunca tivemos que participar em guerras alheias de religião, de ocupação, de sucessões dinásticas.

É também verdade que não tivemos aliados, falo de aliados tu cá tu lá. Faz parte da cartilha nacional dizer-se que os ingleses sempre foram nossos aliados, a mais velha aliança do mundo, bla bla. Mas que aliança!


Os britânicos vieram cá parar no séquito da D. Filipa de Lencastre para nos defenderem contra os nossos inimigos históricos, ou seja, contra os castelhanos, “nuestros hermanos” é o que se costuma dizer nunca percebi porquê.


Por causa desses “aliados”, tivemos que furar o bloqueio continental decretado pelo Napoleão e lá vieram os franceses com os seus generais, marechais e outros que tais. Além das carnificinas, o que é que resultou de tudo isto? A independência do Brasil e uma guerra civil interminável. Quanto à revolução industrial o que era isso? Até com os lanifícios e o vinho do Douro do Marquês de Pombal a pérfida Albion se abotoou.


E ainda o século XIX não tinha chegado ao fim, tivemos a prenda do Ultimato de sua majestade britânica, vergonha, humilhação, desgraças, só desgraças.
E, poucos anos depois, ainda mal tinha a monarquia acabado, para defender a aliança aliança-ultimato, lá mandámos o nosso patético exército fazer-se massacrar pelos alemães em La Lys em 1918.


Valerá a pena relembrar todas estas tragédias?


Houve um momento em que a poderosa Europa se deu conta de que Portugal existia. Foi em 1975, quando os governos europeus entraram em pânico, histéricos com o nosso PREC, que eles viam como a ameaça de uma espécie de Cuba europeia.


O pânico desses senhores explica tudo o que se passou a seguir.


O Dr. Soares foi autorizado a proclamar que a Europa estava connosco. E lá entrámos para a CEE, os nossos problemas, o nosso atraso endémico iam finalmente ser resolvidos, Portugal ia-se tornar um verdadeiro país europeu, rico, moderno e reconhecido entre os seus pares. E não tardou que esse reconhecimento fosse devidamente consagrado: fomos admitidos no restrito clube pleno de promessas dos países do euro, o eldorado dos tempos modernos…


Mas Portugal agora está na falência, só não vê quem não quer ver ou quem utiliza o seu poder para enganar o povo ou para se abotoar.


Primeiro a Grécia, agora a Irlanda, a seguir Portugal.
Quem nos valerá nesta súbita desgraça?


Por que não implorar à Santa Sé, ao Vaticano, à Santa Madre Igreja, ao Papa, why not?


No auge da nossa glória passada, não foi ao papa que o venturoso rei de Portugal D. Manuel I enviou a sua famosa embaixada dos elefantes?


Não se tratou de uma qualquer embaixada a sua majestade britânica, nem aos reis de Espanha ou de França. Foi uma espécie de exército do cartaginês Aníbal a atravessar com toda a sua impressionante logística os Pirinéus, a Côte d’Azur e toda a Península Itálica para chegar a Roma e prestar vassalagem ao Papa e assim se ajoelhar perante a Europa de há 500 anos.


Não era obviamente a Europa do espírito, a Europa de Leonardo da Vinci, de Petrarca, de Miguel Ângelo, de Bach, de Descartes, de Kant, de Espinosa, de Galileu, de Pedro Nunes, de Shakespeare, de Camões. Esta não era a Europa nem de D. Manuel nem dos reis seus sucessores.


Era a Europa do papa romano, cujas ordens eram devotamente obedecidas pelo Portugal católico.


Hoje, Portugal já não é assim tão católico e, talvez por isso ou porque se fiou demasiado nas promessas eldoradas do euro e da Comunidade Europeia, é um país falido.


A não ser que haja outra explicação para o que correu mal nesta triste história: nem o Prof. Cavaco nem o sr. Sócrates e o seu ministro das finanças terão sabido interpretar correctamente as ordens que a chanceler de Berlim lhes fez chegar através dos senhores de Bruxelas. O resultado, le voilà!


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